Presidente da ANS quer o vale-tudo dos planos de saúde
As operadoras de planos de saúde estão com a bola toda. De um lado tornam a assistência médica cada vez mais restrita e limitada para os usuários e, de outro, elaboram mecanismos de maximização de seus lucros pela exploração abusiva do trabalho médico.
Leia a matéria de Por Raquel Torres publicada em Outras Palavras.
INTEGRALIDADE PRA QUÊ?
O diretor-presidente da ANS, Leandro Fonseca da Silva (foto), deixa neste sábado o seu cargo, que passou a ocupar no governo Temer. Em entrevista à jornalista da Folha Claudia Collucci, afirma sem nenhum rodeio ser favorável àquela proposta das operadoras de planos de saúde – que, batizada de “Mundo Novo” e já levada ao Congresso, pretende desidratar a Agência e reduzir a pó a regulação do setor. “A população quer plano de saúde, a oferta de planos ambulatoriais quase não existe, seria uma segmentação mais barata”, argumenta.
Para lembrar: as operadores querem o retorno da oferta fragmentada, com planos individuais sendo vendidos em módulos de preços e coberturas diferentes. Desde o meio do ano, quando as primeiras informações sobre isso foram divulgadas pelo jornalista Elio Gaspari, especialistas apontam o óbvio perigo de que os planos baratos empurrem o beneficiário para o SUS quando houver necessidade de tratamento mais complexo.
Mas, segundo Leandro Fonseca, esse não é um problema: “Tem que ficar claro para o contratante o que ele está comprando, qual o limite de cobertura. A sociedade precisa discutir o conceito da integralidade da assistência no público e no privado. É tudo para todo mundo? O setor privado tem que dar integralidade? Qual é o limite?”, questiona.
Não foram discutidos na entrevista outros pontos da proposta, como a perda da prerrogativa da ANS para definir os reajustes dos planos individuais e familiares, assim como o rol de procedimentos obrigatórios que as operadoras devem oferecer. Paradoxalmente, o diretor diz que só é preciso cuidado para não se “voltar ao capitalismo selvagem do mundo pré-regulação”, embora o projeto em pauta seja justamente o de um grande vale-tudo…
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